Presidente, que participou de evento da USP, sofreu desgaste pelo giro internacional no ano passado
O presidente Lula (PT) disse que o giro internacional, feito por ele no ano passado e que gerou desgaste na imagem do governo, tem sido fundamental para reabilitar a imagem do país lá fora.
“Vocês sabem, eu sou tido como um presidente que viaja muito para o exterior. Quero dizer para vocês que nunca antes na história do Brasil o Brasil esteve tão respeitado no mundo como está agora”, disse o petista na cerimônia que celebrou os 90 anos da USP (Universidade de São Paulo), nesta quinta-feira (25), aniversário de 470 anos da capital paulista.
“Não sabia que a minha volta à Presidência da República e a derrubada do negacionismo neste país ia gerar tanta expectativa em todos os países do mundo”, afirmou. Acrescentou ainda que o prestígio se estende dos Estados Unidos à China.
O governo identificou um desgaste em sua imagem em pesquisas internas feitas no primeiro ano de seu terceiro mandato. O motivo seria justamente a quantidade de viagens internacionais que ele fez.
As sondagens apontaram que a maioria considerou que a quilometragem internacional trouxe benefícios para o Brasil. Uma parcela considerável dos ouvidos, contudo, opinou que Lula deveria viajar menos para fora do país, e uma fatia menor ponderou que a quantidade de viagens do petista é adequada.
Sua primeira parada, em 2023, foi na Argentina, dias após assumir o cargo que já havia ocupado entre 2003 e 2010. Em um ano de governo, o petista visitou 24 países em 15 oportunidades no exterior, o que sempre defendeu como estratégia diplomática.
A previsão para 2024 é de mais excursões caseiras, até por se tratar de ano eleitoral, com muitos aliados para ajudar no pleito municipal. Mas já há no horizonte viagens para fora das fronteiras nacionais, como Estados Unidos (para a Assembleia-Geral da ONU) e Rússia (reunião dos Brics).
Em vários momentos de seu discurso no evento da USP, Lula pareceu enviar recados velados a Jair Bolsonaro (PL), seu antecessor e adversário que derrotou em 2022.
Aconteceu, por exemplo, quando disse que “os últimos anos foram de ataque à universidade, à produção científica e à educação como um todo, um tempo de anticiência, do obscurantismo”. Completou: “Felizmente, esse tempo ficou para trás”.
Ele usou sua fala para pregar a necessidade de “mostrar à sociedade que a gente pode ter divergências políticas e ideológicas” sem enfraquecer a democracia.
Também fez deferência a Fernando Haddad (PT), sob ataque de alas do seu próprio partido. Chamou-o de “melhor ministro da Fazenda”, o atual posto, e também da Educação, quando ele comandou a pasta, período que se estendeu pelas primeiras gestões lulistas e também a de Dilma Rousseff (PT).
Na celebração da USP, Lula afirmou que vai trabalhar para que cada estado brasileiro tenha uma universidade pública de excelência como a instituição paulista, que lidera os rankings internacionais acadêmicos.
Ovacionado ao ser anunciado, com direito ao coro de “olê, olê, olá, Lula”, o presidente assistiu ao evento ao lado da primeira-dama, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e a esposa dele, Lu Alckmin.
Lá estavam também autoridades diversas, como o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli, que estudou direito na USP, e o casal Fernando e Ana Estela Haddad, ministro da Fazenda e secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, ambos docentes da instituição e responsáveis por incentivar a participação de Lula na celebração.
Apesar do vínculo da USP com o Executivo paulista, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) não foi. Do primeiro escalão de sua equipe, só esteve presente o secretário de Ciência e Tecnologia, Vahan Agopyan, que foi reitor da universidade.
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