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Alterações térmicas afetam o sistema imunológico e pedem atenção redobrada, dizem especialistas
Um dos verões mais quentes chegou ao fim nesta quarta-feira (20). Com a chegada do outono e de uma frente fria, esta quinta-feira (21) deve amanhecer amena em várias cidades brasileiras, gerando uma queda brusca de temperatura que demanda cuidado extra com a saúde, já que esse tipo de variação térmica favorece o aparecimento de infecções e crises alérgicas.
Um estudo publicado em 2016 na Revista do Instituto Geológico aponta, por exemplo, que as internações em São Paulo aumentam quando as temperaturas máximas e mínimas mudam. Gripe e pneumonia estão entre as principais causas das hospitalizações.
A mudança impacta consideravelmente a dinâmica fisiológica, diz o otorrinolaringologista Henrique Furlan Pauna, dos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, em Curitiba. Em meio ao calor, os vasos sanguíneos se dilatam para que o corpo se mantenha refrescado, e o contrário ocorre no frio, quando veias e artérias se contraem para manter a temperatura dos órgãos internos entre 35 e 36 graus. Um choque térmico interfere nesse mecanismo de modo abrupto, podendo levar a inflamações nas vias aéreas superiores e a obstrução das narinas.
E os problemas não terminam aí: quando as narinas ficam obstruídas, a condensação de ar úmido na cavidade nasal faz com que elas fiquem escorrendo. Como o nariz é responsável por umedecer e filtrar o ar recebido, quem respira majoritariamente pela boca acaba absorvendo mais poluição e se tornando mais suscetível a irritações na garganta, infecções virais e crises alérgicas.
O especialista acrescenta que grandes variações térmicas podem também reduzir a atividade das células de defesa do corpo, aumentando a vulnerabilidade do organismo a condições infecciosas.
Outro agravante comum é a propagação de bactérias em dias frios, quando mais gente tende a permanecer em locais fechados e a lavar menos as mãos que o habitual, diz Pauna.
Mas é possível driblar essa avalanche e prevenir doenças quando a temperatura muda. Algumas delas começam bem antes de o tempo virar, diz o otorrinolaringologista Luiz Carlos Sava, da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).
Evite transições térmicas abruptas
Não se exponha a variações térmicas desnecessariamente. Sair de um calor de 35ºC e ligar o ar condicionado em 16ºC, por exemplo, nem pensar. “O ideal é não ultrapassar 15ºC de diferença entre um ambiente e outro”, diz Sava.
Ainda seguindo essa regra, agasalhe-se bem quando sair no vento. Não dá para fugir do frio, mas é possível enfrentá-lo de modo gradual.
Evite a proliferação de microorganismos
Mesmo se estiver muito frio, abra as janelas ao menos um pouco. E nunca deixe de lavar as mãos.
Lave o nariz
Mais do que vias para a entrada e saída de ar, as narinas ajudam a melhorar a qualidade do que você respira de forma estratégica. Por isso, mantenha-as sempre limpas e, se possível, use soro fisiológico para a higienização.
Visite o médico regularmente
Quem tem alguma condição crônica como asma ou rinite alérgica deve tratar o quadro para prevenir crises durante as mudanças da estação e não ser pego de surpresa, diz Sava.
Alimente-se bem
Manter uma dieta equilibrada antes e durante a mudança de temperatura é outro passo fundamental para se proteger fortalecendo a imunidade.