Surto de Hepatite A em Curitiba tem transmissão de pessoa a pessoa. São 255 casos e 5 mortes confirmadas em 2024

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O Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) identificou que o surto de Hepatite A em Curitiba é transmitido de pessoa a pessoa, principalmente por relação sexual desprotegida, ou seja, a transmissão se dá por meio do compartilhamento de objetos, mãos contaminadas ou sexo anal/oral entre uma pessoa que adoeceu pelo vírus A da hepatite e outra saudável. A contaminação acontece pelo contato de fezes com a boca.

De janeiro a 24 de maio de 2024, foram confirmados 255 casos e cinco mortes por Hepatite A em Curitiba. Uma pessoa precisou de transplante hepático em decorrência da doença.

“As pessoas que tiveram a confirmação de Hepatite A devem redobrar a atenção para não transmitir o vírus aos seus contatos. Mesmo depois de se recuperar da doença, a pessoa continua eliminando o vírus nas fezes por até cinco meses, o que reforça a necessidade de cuidados com a higiene”, explica o diretor de Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides Oliveira.

Geralmente, a Hepatite A é uma doença benigna, que evolui para a cura, principalmente quando acomete crianças. No entanto, há tendência de agravamento quando acomete adultos, que podem desenvolver um quadro agudo que compromete o fígado, levando a internações e até mesmo ao óbito.

O foco principal de contaminação do surto registrado em Curitiba são os jovens adultos, principalmente homens entre 19 e 39 anos, que não foram imunizados contra a doença durante a infância.

Desde 2014, a vacina contra a Hepatite A está disponível no SUS para crianças até os cinco anos de idade, o que diminuiu a ocorrência da doença no público infantil. Anteriormente, as contaminações eram mais relacionadas a condições de baixo saneamento e ao consumo de alimentos e água contaminados, mas não é a situação atual em Curitiba.

De acordo com o médico da SMS, o vírus encontrou uma população vulnerável, que não teve a vacina na infância e nem se contaminou quando criança, visto que a imunidade contra a Hepatite A é adquirida por ter se infectado pelo vírus ou pela vacina.

Números

Dos 255 casos de Hepatite A confirmados em Curitiba, 193 atingiram homens (76%) e 62, mulheres (24%). Destes, 120 foram internados (47%) e 10 precisaram de cuidados intensivos em UTI. Um homem de 46 anos passou por transplante hepático em decorrência da Hepatite A aguda e foram confirmados cinco óbitos em decorrência da doença. Havia ainda uma sexta morte em investigação, mas foi descartada pela investigação do Centro de Epidemiologia.

Sintomas

Frente ao número de casos de Hepatite A e a gravidade da doença, a SMS emitiu alerta a todos os serviços de saúde e aos Conselhos de Classe para o diagnóstico precoce da doença.

Os sintomas iniciais da Hepatite A são fadiga, mal-estar, febre e dores musculares. Com o passar dos dias, a pessoa contaminada apresenta urina escura, olhos e pele amarelados (icterícia), sinais claros da doença.

Os sintomas aparecem cerca de 15 a 50 dias após a infecção, associada à contaminação fecal-oral, ou seja, pelo contato de fezes com a boca. De acordo com o médico da SMS, é preciso atenção aos cuidados de higiene, tanto na hora de se alimentar, quanto nas relações sexuais.

O médico Alcides Oliveira alerta que é importante evitar a automedicação, principalmente nos primeiros sintomas, que pode confundir o diagnóstico com outras doenças.

“A automedicação pode dificultar o diagnóstico diferencial, além de comprometer o fígado, que já está fragilizado pela hepatite”, explica, recomendando que o ideal é buscar atendimento em uma unidade de saúde ou através da Central Saúde Já – 3350-9000.

Prevenção

Conheça as principais orientações preventivas:

  • Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.
  • Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos);
  • Lavar com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
  • Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;
  • Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
  • Usar instalações sanitárias;
  • No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária.
  • Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
  • Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;

Vacina

A vacina contra Hepatite A faz parte do calendário infantil de imunização pelo SUS, aplicada a partir dos 12 meses até 5 anos incompletos.

Além disso, a vacina está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), no esquema de 2 doses, com intervalo mínimo de 6 meses, para pessoas acima de um ano de idade com as seguintes condições:

  • Hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, inclusive infecção crônica pelo HBV e/ou pelo HCV;
  • Pessoas com coagulopatias, hemoglobinopatias, trissomias, doenças de depósito ou fibrose cística (mucoviscidose);
  • Pessoas vivendo com HIV;
  • Pessoas submetidas à terapia imunossupressora ou que vivem com doença imunodepressora;
  • Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes, ou transplantados de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea);
  • Doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea), cadastrados em programas de transplantes.

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