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De acordo com o sindicato, pelo menos 5.000 pessoas enfrentaram as filas em um período de sete dias; filas devem continuar até amanhã
Quem tem passado pela região central de Curitiba (PR) nos últimos dias, mais especificamente nas proximidades do Teatro Guaíra, na rua XV de Novembro, já deve ter se perguntado o porquê da fila “quilométrica” que se formou naquelas imediações. Trata-se, porém, de trabalhadores não sindicalizados que se opõe à cobrança de contribuição assistencial por parte do Sindicato dos Empregados no Comércio de Curitiba e Região Metropolitana (Sindicom).
O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu, em setembro passado, que os sindicatos poderão cobrar a taxa de todos os trabalhadores representados por eles desde que o empregado não sindicalizado tenha o direito de se opor.
De acordo com o texto aprovado pela Corte, a cobrança servirá para custear negociações coletivas. As regras em relação à possibilidade do trabalhador se opor à cobrança, contudo, não foram definidas, e o Tribunal Superior do Trabalho (TST) corre para decidi-las.
Procurado pela Banda B, o Sindicom afirmou já ter atendido 5.000 pessoas entre quarta-feira (15) e esta quinta (23). Os atendimentos, que acontecem das 8h às 17h, seguirão até sexta-feira (23). Na prática, os trabalhadores devem entregar uma carta manuscrita em quem demonstram ser contra a cobrança.
Questionado pela reportagem o motivo do tamanho da fila, o presidente do sindicato acusou os empregadores de coagir os funcionários a se opor à cobrança.
“O sindicato está com dez pessoas recebendo e homologando essas cartas de oposição, mas está havendo a ingerência de alguns patrões para se opor aos direitos. As empresas estão incentivando a oposição e vamos denunciar isso ao Ministério Público do Trabalho”, afirmou Ariosvaldo Rocha.
Em entrevista à Banda B, o vendedor Bruno Medeiros relatou que alguns colegas chegaram a enfrentar quatro horas de espera para serem atendidos. “O pessoal do meu trabalho veio ontem e foram umas quatro horas na fila, que está dando duas voltas [no quarteirão]. Tem sindicato que é online e aqui precisa ser presencial”, protestou.
A reportagem também perguntou ao presidente do sindicato o porquê de o processo não ser feito de forma online, mas ele não respondeu ao questionamento. Ele disse, no entanto, que os trabalhadores são atendidos em três minutos, em média.
“Fiquei duas horas e 15 minutos na fila, e o trabalho vai ter que abonar. Cheguei às 8h40. Vou ter que correr para a empresa. Tive que gastar para vir até aqui”, disse o auxiliar de produção Vitor José.
O Sindicom alegou que remanejou todos os funcionários da entidade para auxiliar no atendimento.
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