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Reconhecida nacionalmente pela eficiência no atendimento social, Curitiba ganhou a maior unidade para o apoio às pessoas em situação de rua. O Centro Intersetorial de Atenção a Pessoas em Situação de Rua foi aberto pela Prefeitura na esquina da Rua Dr. Faivre e Avenida Affonso Camargo, no Centro, que concentra a maior parte desse público na capital.
Com 3.490 m² e três andares, o equipamento da Fundação de Ação Social (FAS) apoia os atendidos em suas jornadas de reintegração à sociedade com acolhimento para pernoite, assistência médica, psicológica, social, confeccção de documentos, capacitação profissional, busca por trabalho. Tudo no mesmo endereço.
No local, também chamado de FAS-SOS – em referência ao serviço criado pelo prefeito Rafael Greca na primeira gestão à frente da administração de Curitiba, na década de 1990 -, as pessoas encontram casa de passagem 24 horas, para dormir, se alimentar e fazer a higiene, recebem atendimento técnico no Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro POP), de saúde preventiva, educação, política sobre drogas, trabalho e emprego.
Gradativamente, o espaço ofertará ainda ações das secretarias municipais do meio ambiente, esporte, de cultura e segurança alimentar e nutricional. O local ganhará ainda uma unidade do Instituto de Identificação do Paraná para a emissão de RG e de um cartório para emissão de documentos civis.
O projeto arquitetônico da FAS-SOS foi elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).
Trabalho intersetorial
O prefeito Rafael Greca destaca a importância do FAS-SOS e de uma abordagem intersetorial, que reúne equipes de diversas políticas públicas para enfrentar as complexas situações que levam as pessoas a viver nas ruas.
“Juntos, esses servidores podem refletir e tomar decisões fundamentadas nos conhecimentos e experiências de cada área, podendo assim melhor assistir às pessoas a enfrentar suas dificuldades, cuja solução não está ao alcance de um único serviço”, afirma Greca.
Maria Alice Erthal, presidente da FAS, também ressalta a necessidade de um trabalho multisetorial devido à complexidade das situações que levam uma pessoa a tentar sobreviver nas ruas.
“A população de rua, muitas vezes negligenciada por toda a sociedade, exige do poder público um conjunto de ações e iniciativas de várias políticas que busca soluções integradas para atender as necessidades desse público”, ressalta. Ela destaca que entre a população em situação de rua há pessoas com problemas de saúde, inclusive mentais, e também com dependência de álcool e outras substâncias psicoativas.
Centro Intersetorial
Em funcionamento desde janeiro deste ano, a FAS-SOS busca não apenas atender às necessidades básicas das pessoas, mas também ofertar planos de individualizados para a superação da situação de vulnerabilidade social.
Os serviços estão distribuídos em uma área total de 3.490 m² com três andares. O espaço conta com recepção para acolhida e salas para atendimentos individuais, atividades coletivas e de saúde, inclusive com encaminhamento para acesso a medicamentos gratuitos.
O centro intersetorial oferta quartos para pernoite com capacidade para atender até 250 homens, de 18 a 59 anos, banheiros, salas de estar e de convivência, refeitórios, consultórios e biblioteca, com livros e jogos.
Os usuários têm ainda oferta de cursos gratuitos de qualificação profissional e encaminhamento para o mercado de trabalho, assim como orientação e indicação para comunidades terapêuticas para aqueles que desejam fazer tratamento para desintoxicação do uso de álcool e outras substâncias psicoativas.
Há ainda, exames de equivalência educacional para aqueles que desejam continuar os estudos, ações na área de segurança alimentar e nutricional e acesso a atividades culturais.
Em breve, o espaço contará com atendimento veterinário para os animais de estimação e ações voltadas para os coletores de material reciclável.
Formas de acesso
O acesso aos serviços do centro intersetorial pode ser feito pelos usuários de forma espontânea ou eles são levados pelas equipes da abordagem social da FAS, que percorrem as ruas da cidade em busca de pessoas em situação de rua ou para atender solicitações que chegam pela Central 156.
Em Curitiba desde o fim de janeiro, o paulistano Rafael da Silva Camilo, 40 anos, é atendido na FAS-SOS. Ele está acolhido na casa de passagem e com a orientação da equipe do Centro POP fez a carteira de trabalho digital, currículo, agendamento para cartão-transporte e, em seguida, recebeu crédito para usar ônibus na busca por uma vaga de emprego.
O esforço valeu a pena. Ele também foi encaminhado para uma entrevista pelo Sistema Nacional do Emprego (Sine), fez exame admissional e foi contratado. “Já recebi meu uniforme e meu crachá, na semana que vem começo a trabalhar na faxina de um hospital”, conta.
Rafael disse que está feliz com a volta ao mercado de trabalho, pois estava desempregado há cinco meses, depois que se separou em São Paulo e veio tentar a vida em Curitiba.
“O serviço aqui é ótimo, os funcionários me ajudaram muito”, disse. O plano agora, segundo Rafael, é alugar um quarto para morar, depois de receber o primeiro salário.
O catarinense Marlon Lenon Trelha, 41 anos, foi atendido na FAS-SOS desde janeiro, mas deixou a unidade depois de ser encaminhado para um mutirão de emprego que lhe garantiu a volta ao mercado de trabalho. “Comecei a trabalhar no fim de fevereiro como repositor de mercadoria em um supermercado”, conta o homem, que já foi vendedor, motorista de aplicativo, garçom e entrevistador de empresas de pesquisa.
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