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A partir desta quarta-feira (13/3), a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba passa a disponibilizar o Painel da Dengue, em seu site, com dados e atualizações semanais da evolução da doença na capital paranaense. O objetivo é informar a população e manter a transparência e a comunicação sobre a doença que está causando um surto atualmente nas Américas.
Em Curitiba, de acordo com o novo Painel da Dengue, foram registrados 207 novos casos da doença na última semana. No total, a capital paranaense contabiliza 808 casos de dengue em 2024 (até o dia 8/3), sendo 627 importados (contaminação aconteceu fora do município) e 181 autóctones (transmissão local).
O distrito sanitário mais afetado continua sendo o Tatuquara, com 130 casos, sendo 53 importados. Na sequência está Cajuru, com 106 casos, sendo 65 importados. A CIC aparece em seguida com 94 casos, sendo 80 importados. E o Bairro Novo contabiliza 91 casos, sendo 62 importados.
“Os números da dengue em Curitiba são pequenos se comparados a outras capitais, mas precisamos de especial atenção, pois estamos vivendo um momento climático propício para a proliferação do mosquito e espalhamento da doença”, alerta a secretária municipal da Saúde de Curitiba, Beatriz Battistella.
Balanço
No Brasil, já são 1,5 milhão de casos prováveis de dengue em 2024. Ao todo, 271 municípios brasileiros e nove unidades da federação declararam emergência em saúde pública por conta da dengue (Acre, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Amapá e São Paulo).
O Informe Semanal da Dengue divulgado nesta terça-feira (12/3) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) registra o maior número de casos no Paraná em um boletim do atual período epidemiológico: 17.044 novos casos.
O período sazonal 2023/2024, que teve início em julho do ano passado, soma 90.972 casos confirmados em todo o Estado. Os municípios que apresentam mais casos confirmados no Paraná são Apucarana (11.793), Londrina (6.289), Cascavel (4.448) e Maringá (4.184).
“Há muitos municípios em situação de epidemia no Paraná e no restante do país. Com o fluxo constante de pessoas, acabamos registrando mais casos importados. E essas pessoas que voltam com casos importados, ao encontrar o mosquito transmissor da dengue aqui, contribuem para o início da cadeia de transmissão da doença localmente, aumentando o número de casos autóctones”, explica o diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides Oliveira. Isto porque se o mosquito pica alguém com dengue ficará contaminado com o vírus e transmitirá para outras pessoas.
El Niño
De acordo com especialistas, o mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, tem demonstrado grande capacidade de proliferação não apenas nas regiões tropicais, como também nas subtropicais e até nas tradicionalmente mais frias do globo.
O fenômeno tem sido fortemente impulsionado pelo evento climático do El Niño, que marcou o ano de 2023 e persiste neste início de 2024, trazendo altas temperaturas e chuvas abundantes.
“Calor e chuva são as condições propícias para a proliferação do mosquito”, afirma a bióloga do Programa Municipal de Controle do Aedes, Tatiana Robaina. “E o El Niño traz todas essas condições”, completa.
Assim, regiões que registravam pouco ou nenhum caso de dengue têm visto os números crescerem, contribuindo com a escalada da doença em todo o mundo.
“Com as mudanças climáticas, há maior proliferação do mosquito e uma expansão da área de acometimento por dengue. O Sul do Brasil, que é subtropical, praticamente não tinha dengue, agora é uma das mais acometidas”, explica Oliveira. “Santa Catarina, que não costumava sofrer com a dengue, está em situação de emergência e o Rio Grande do Sul está vendo os números subirem rapidamente”, analisa.
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