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A Rua da Cidadania do Boqueirão recebeu a Caravana Étnico Cultural nesta sexta-feira (27/10) e neste sábado (28/10), com uma programação festiva na quadra da Rua da Cidadania.
Esta é sétima edição do evento, promovido pela Assessoria de Promoção da Igualdade Étnico-racial da Prefeitura para dar visibilidade às populações negra (preta e parda), indígena e cigana. A próxima Caravana será no dia 18 de novembro na Rua da Cidadania Matriz.
Mais conhecimento = mais respeito
De acordo com Marli Teixeira Leite, assessora de Promoção e Igualdade Racial da Prefeitura de Curitiba, o projeto da caravana representa a forma que a Prefeitura encontrou de levar a cultura das etnias afro, indígena e cigana para os bairros da cidade.
“Este é um momento em que a comunidade recebe informações sobre as formas de combater a discriminação e o racismo. É uma ação muito importante porque quanto mais se conhece a cultura dos povos, a tendência é que as pessoas passem a ter mais respeito por eles”, disse Marli.
A herança africana
Na sexta-feira (27/10), aconteceu a oficina Herança Africana, produzido por Cila Rocha e os artistas Djanko Camará e Damba Fodé, que falaram da cultura afromandingue, acompanhados por uma orquestra de tambores.
“Nós viemos de Guiné, no oeste da África, para mostrar a nossa cultura, que é, acima de tudo, a alegria. No começo, deu para perceber as pessoas um pouco mais tímidas, mas depois estavam todos sorrindo, não tem nada de muito complexo aqui”, explica Djanko Camará.
A produtora Cila Rocha, que também é especialista em História e Cultura Afro-brasileira e Indígena e coordenadora geral do Coletivo Dunyaben, detalha a motivação para trazer essa oficina para Curitiba.
“Nós trabalhamos com a difusão cultura do oeste africano, como a cultura do mestre Djanko, no Brasil. Aqui nós trouxemos duas coisas do cotidiano deles, a dança e a percussão, para fazer uma prática e mostrar coisas novas”, diz Rocha.
Cultura indígena e moda
A Rua da Cidadania do Boqueirão também sediou a oficina “Culturas Indígenas e a Criação de Produtos de Moda”, conduzida pelo líder indígena da aldeia urbana Kakané Porã e artesão Leandro Kótãnh dos Santos. A atividade contou com a presença do designer de moda Júnior Gabardo e sua aluna Eduarda Machado.
“As roupas da maioria das pessoas utilizam aspectos da moda europeia, e mesmo que isso não seja ruim, nossa ideia aqui é mostrar peças com características dos povos que sempre viveram no Brasil”, afirma Gabardo.
O evento teve como proposta ensinar a população a fazer peças artesanais de roupa e moda, com características indígenas. A artesã voluntária Maria Ribeiro, de 64 anos, conta porque foi à oficina.
“Eu já sou artesã voluntária, então quando me avisaram que tinha essa oficina eu já decidi vir. Eu não conhecia muito essa forma de artesanato, e gostei muito, é um conhecimento novo, por isso acho que muita gente deveria vir”, diz Maria.
Música, artesanato e conscientização
Neste sábado, na quadra poliesportiva da Rua da Cidadania do Boqueirão, havia exposição de trabalhos de artesanato em gesso, bijuterias, bolachas artesanais, cestos feitos de taquaraçu, colares e pulseiras confeccionados com sementes de açaí. Teve apresentação de dança cigana e shows com Daniel Montelles e Mário Negreti e Sérgio Penna.
A Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude (Smelj), instalou brinquedos infláveis, cama elástica, jogos de tabuleiro e tênis de mesa para a criançada. Outra atração para os pequenos era o Teatro de Fantoches da Guarda Municipal.
Por seu lado, servidores da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) fizeram orientações sobre prevenção de DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e da Fundação Ação Social (FAS), sobre os programas disponibilizados para a população.
Cultura para periferia
O cantor Daniel Montelles disse que a ideia de realizar eventos dessa natureza é muito positiva. “Este é o segundo ano que eu participo dessa atividade. Acho muito bom que a cultura chegue até essas regiões e se expanda ainda mais”, disse o artista, que veio de São Luís (MA) para participar da caravana.
Consciência negra o ano inteiro
O show de Daniel foi intercalado com um bate-papo sobre a realidade, direitos e interesses da etnia afro.
“Nós estamos às portas do mês da Consciência Negra e é interessante que inciativas coincidam com a data, mas nós não precisamos apenas de um mês, nós precisamos do ano todo de consciência negra”, disse Daniel.
A artesã Juliana Cidali, 40 anos, moradora no Campo Comprido, disse que sempre participou das caravanas. “É muito bom. Além de mostrar o meu trabalho eu me sinto representada”, disse ela, que trouxe a filha Nina, de 11 anos, para curtir as brincadeiras.
Além das atividades, a Assessoria de Promoção e Igualdade Racial da Prefeitura de Curitiba prestou homenagens a personalidades da cultura afro que são destaques no seu campo atuação.
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