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Crime viralizou no final de semana, com um vídeo que mostra um cliente ofendendo um frentista. Vereadores se manifestaram sobre episódio
Um grupo de frentistas se mobilizou em protesto na manhã desta segunda-feira (16), depois do ato de racismo e xenofobia que viralizou no final de semana, em Curitiba. Eles foram para a frente da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), como forma de serem vistos.
O crime aconteceu na manhã de sexta-feira (13), dentro da loja de conveniência de um posto de combustíveis da Avenida Marechal Floriano Peixoto, no bairro Boqueirão, em Curitiba.
Um vídeo feito por um funcionário mostra o frentista sendo ofendido por um cliente, que o chama de “neguinho”, “macaco” e “nordestino”.
Na manhã desta segunda-feira, um grupo de aproximadamente 30 pessoas se reuniu em protesto em frente à CMC, para pedir que seja revisto o cumprimento das leis em Curitiba.
Alehandro Soares, do Sindicato dos Empregados em Postos De Serviços de Combustíveis (Sinpospetro), com apoio da União Geral dos Trabalhadores (UGT-PR), lamentou o crime e disse que não vai passar despercebido.
“Ele afirmou, todo mundo viu, está registrado. Estamos aqui manifestando, porque não é a primeira vez que acontece com os frentistas. Já tivemos vários casos desses, e fica realmente oculto”. disse Alehandro Soares, do Sinpospetro
Segundo Alehandro, este caso “foi só mais um”, mas a gota d’água para fazer com que a categoria buscasse Justiça. Mais do que isso, também pedir que atitudes sejam tomadas para que casos parecidos não se repitam.
“Para que respeitem o trabalhador, pois está trabalhando como qualquer outra pessoa e presta um serviço à sociedade. Já tivemos casos mais sérios, o frentista corre risco todo o tempo, então nós temos que conscientizar que esse trabalhador precisa ser valorizado, porque é uma classe essencial. Temos que fazer com que sejam respeitados”. defendeu Alehandro Soares, do Sinpospetro
Sobre a escolha pela frente da Câmara Municipal de Curitiba para o ato, o Sinpospetro explicou que foi para dar ainda mais visibilidade para o caso.
“A gente poderia ir num posto, mas aqui é um símbolo que representa a nossa legislação municipal, é uma representatividade. Há uma onda de racismo e os nossos trabalhadores estão expostos. Eles levam a culpa sem ter nada a ver. Problema às vezes de aumento de combustível, o cara chega bêbado no posto, estressado, isso não é culpa do trabalhador. Você não pode tratar um trabalhador de forma racista, homofóbica, temos que dar um basta nessa situação”. comentou Alehandro Soares, do Sinpospetro
Vereadores manifestaram
Assim que começou a sessão desta segunda-feira, os vereadores comentaram sobre o crime e a manifestação do lado de fora da CMC. Giorgia Prates (PT) exibiu o vídeo que mostra o ato de racismo e xenofobia, e disse que isso reforça a necessidade urgente de combatermos os preconceitos todos que estão enraizados em nossa sociedade.
“Esse é só um dos exemplos de casos de racismo que Curitiba tem presenciado e tem permitido acontecer. A luta contra o racismo é uma batalha contínua, e ela exige uma ação também contínua e de toda a sociedade. Essas manifestações de racismo são uma prova contundente de que estamos falhando, o sistema todo está falhando, em garantir igualdade de direitos e oportunidades a todos os cidadãos”. disse Giorgia Prates, do PT
Giorgia pediu que as vítimas sejam ouvidas e que os autores sejam punidos. Ela reforçou a necessidade de um sistema que faça as leis serem cumpridas.
O vereador Osias Moraes (REP), que é do Amazonas, disse que ele mesmo já passou por situação parecida na cidade. Apesar de concordar com a vereadora do PT no que diz respeito à punição, defendeu que Curitiba não é uma cidade preconceituosa.
“Sou do Norte, sou do Amazonas, sofri também um caso aqui logo quando cheguei na cidade, de um jornalista que claro é contra os nordestinos e pessoas negras. Mas nós temos que ter muito cuidado para não generalizar e sim tratar de fatos. O ato desse cidadão é covarde, o ato desse cidadão contra aquele frentista e trabalhador é covarde e jamais numa sociedade como essa podemos aceitar tamanha ação contra qualquer ser humano. Curitiba é uma cidade acolhedora, que acolheu muitos cidadãos com muito carinho”.disse Osias Moraes, do REPUBLICANOS.
Investigação
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o ataque racista e xenofóbico contra o frentista Juan Pablo de Castro. Ainda neste sábado (14), o delegado Nasser Salmen informou que o cliente já foi identificado.
Procurado pela Banda B, o investigado informou que foi ao local para comprar um lanche e que foi destratado pelos funcionários.
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