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Leia a opinião do colunista Alexandre Teixeira
O governador Ratinho Júnior é candidato à presidência da República em 2026. Os seus movimentos políticos neste momento estão sendo estudados como num jogo de xadrez entre grandes mestres, nenhuma peça é mexida sem antes ser muito bem estudada. O articulador de tudo isso chama-se Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD, o partido político do governador.
A tese defendida por Kassab é a seguinte: o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, não tem como deixar o governo do estado mais importante do Brasil para ser candidato. Kassab acredita que este abandono de posto geraria uma grande rejeição para Tarcísio, que deveria concorrer a um segundo mandato e depois sim sair candidato a presidente.
Romeu Zema, governador de Minas Gerais, já está no segundo mandato e estaria livre para tentar um voo mais alto, mas o problema dele é o Partido Novo, que não tem tempo de televisão e possui com um ideário político pouco atrativo para coligações. Além desses problemas, as falas de Zema, criticando o Nordeste brasileiro, criaram contra ele uma onda de indignação e rejeição que praticamente inviabilizaram sua candidatura. O peixe morre pela boca. Zema falou demais e deverá se contentar com uma candidatura ao Senado. Sem esses dois candidatos na corrida, a opção da Direita brasileira seria Ratinho Júnior, ou melhor: Carlos Massa Ratinho Júnior, como sua equipe o chama em eventos públicos. Segundo Kassab, Ratinho tem ótima avaliação, não tem nenhum escândalo de corrupção no seu governo, tem um talento nato para costurar alianças e agradar a todos os lados. Ficou ao lado de Bolsonaro na campanha, se colocou como um herdeiro do seu espólio, e principalmente, tem se mantido afastado de Lula, que o corteja publicamente.
Ratinho Júnior seria a melhor opção para enfrentar Lula. Ele é novo, governa o Estado que hoje é a quarta economia do Brasil, tem lugar na sua chapa para um político do Nordeste, fechando a equação ideal para uma candidatura contra Lula. Na cabeça de Kassab, Lula vai chegar ao final do seu terceiro mandato desgastado e cansado. O peso da idade e os erros na economia dificultariam a sua reeleição, mesmo porque o Brasil já mostrou que é de Centro, não quer radicalismo nem um lado e nem do outro. E existe ainda um detalhe que move o governador do Paraná: ele não tem paciência para o Legislativo. Não é a praia dele. Como a sua vida financeira já está resolvida, as empresas da família estão muito bem, obrigado, ele pode se dar ao luxo de abdicar de um mandato de senador para tentar algo maior. E ninguém aí se espante se Lula o convidar para ser vice no lugar de Geraldo Alckmin. Política é a arte de tornar possível algo que parece impossível de acontecer.
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