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Sem nenhum disparo e sem nenhum agente ferido, o brasileiro Danilo Cavalcante, de 34 anos, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos, foi finalmente capturado na quarta-feira, encerrando uma megaoperação que envolveu diversas forças policiais e durou duas semanas.
Cavalcante foi encontrado graças à tecnologia de detecção de calor e chegou inicialmente a resistir à prisão.
A polícia soltou um cachorro chamado Yoda, um pastor-belga-malinois. O animal mordeu e imobilizou o fugitivo até os policiais se aproximarem e algemarem o brasileiro.
Havia tensão em relação ao desfecho porque os agentes estavam autorizados a usar força letal se Cavalcante não se rendesse voluntariamente. A polícia havia informado que ele estava armado e era “extremamente perigoso”.
Questionado por que a força letal não foi usada, o tenente-coronel George Bivens, da Polícia Estadual da Pensilvânia, disse a jornalistas em entrevista coletiva nesta quarta-feira que “essa opção serve apenas para evitar a fuga de um indivíduo muito perigoso.”
Segundo ele, o uso do cão policial, chamado em inglês de K-9, foi primordial para que os agentes não empregassem a força letal.
“Os K-9 desempenham um papel muito importante, não só para rastrear, mas também para, tal como numa circunstância como esta, capturar alguém com segurança. É muito melhor que possamos libertar um cão policial como este e fazê-los subjugar o indivíduo do que usar força letal”, disse Bivens.
“Nossa preferência é sempre utilizar outros meios. Os K-9 desempenham um papel muito importante.”
Segundo Bivens, o cão foi trazido pelo Serviço de Alfândegas e Proteção das Fronteiras dos Estados Unidos (CBP, em inglês).
A equipe do CBP libertou o cachorro enquanto outros policiais da Polícia Estadual da Pensilvânia cercavam Cavalcante, disse Bivens na entrevista coletiva.
“O cachorro o subjugou e os membros de ambas as equipes imediatamente avançaram. Ele continuou a resistir, mas foi levado sob custódia à força. Ninguém ficou ferido como resultado disso”, disse Bivens.
“Ele sofreu um pequeno ferimento por mordida. Tínhamos pessoal médico no local e eles analisaram isso”, acrescentou.
Os cães policiais são treinados para deter um indivíduo, disse Bivens, para não causar danos desnecessários.
O objetivo é que os policiais dêem um comando ao cão, para que o cão possa recuar e os agentes avancem para prender o indivíduo.
“Eles não ficam apenas mordendo e soltando ou tentando causar ferimentos adicionais. Eles simplesmente agarram e tentam manter a pessoa no lugar até que os policiais possam chegar lá”, disse Bivens.
“É por isso que eles nunca são soltos, você sabe, a uma grande distância ou sem supervisão. Há policiais por perto que podem então se mover. O treinador pode puxar o cão imediatamente para trás se eles lhe derem um comando, puxar o cão para trás e então os oficiais [se moverem]”.
Letalidade
O desfecho positivo do caso contrasta com as estatísticas de violência policial nos Estados Unidos.
A polícia americana, assim como a brasileira, é considerada uma das mais violentas do mundo.
Em 2022, segundo dados compilados pelo jornal americano The Washington Post, agentes mataram 1.176, o ano mais mortal já registado em termos de violência policial desde 2013, desde que especialistas começaram a monitorizar as mortes em todo o país.
Mas no Brasil esse número é bem maior: 6.430, queda de 1% em relação a 2021, de acordo com dados da 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Vale lembrar, contudo, que a polícia brasileira é também uma das que mais sofre com a violência. No ano passado, 173 perderam a vida.
Já na Inglaterra e no País de Gales, a polícia matou apenas três pessoas no biênio 2022/2023.
As polícias brasileira e americana também têm outra semelhança: o perfil da vítima.
Em ambos os países, negros têm quase três vezes mais chances de serem mortos pela polícia do que brancos.
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