Veja as empresas que terão semana de quatro dias de trabalho no Brasil

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Oficialmente, 20 companhias, que somam 400 funcionários, estão confirmadas no projeto-piloto. Mais de 400 se inscreveram

O teste brasileiro de uma jornada de trabalho de quatro dias por semana e sem a redução dos salários começa oficialmente no dia 5 de setembro, com o início das rodadas de palestras e planejamento nas empresas selecionadas para o projeto-piloto.

Estão entre as confirmadas um hospital, empresas de consultoria, de alimentação, editoras, produtoras de vídeo e de conteúdo, agências de comunicação, escritório de arquitetura e um escritório de advocacia.

A Soma, central de serviços compartilhados do grupo Dreamers (do qual fazem parte a agência Artplan e o Rock In Rio), as editoras Mol e Ab Aeterno, a Casa dos Parafusos e a Alimentare estão entre as companhias anunciadas nesta quarta (30) pela 4 Day Week, organização que desde 2019 avalia novos modelos de trabalho e produtividade, e pela Reconnect Happiness at Work (parceira do projeto no Brasil), em São Paulo,

O Clementino & Teixeira Advocacia atuará na assessoria jurídica do projeto e também testará o modelo em seus escritórios. No hospital Indianópolis, o teste será feito no setor administrativo.

Algumas empresas não autorizaram a divulgação de participação neste momento –elas ainda estariam organizando a comunicação interna antes de tornar pública a decisão. Outras ainda estavam finalizando a adesão (pois deixaram a inscrição para o último dia).

Oficialmente, 20 companhias, que somam 400 funcionários, estão confirmadas no projeto-piloto. Mais de 400 se inscreveram.

Durante a apresentação dos selecionados no projeto, uma das preocupações relatadas por representantes de empresas que estarão no teste foi a possibilidade de o modelo trazer riscos jurídicos.

Soraya Clementino, sócia do Clementino, afirmou que por ser uma inovação, a redução não tem hoje respaldo na legislação, mas que tampouco é ilegal. Durante o teste, o escritório fará reuniões individuais com os gestores das empresas e intermediará contatos com os sindicatos de cada setor.

A participação das entidades sindicais é vista pelo projeto como um fator importante de segurança jurídica para a aplicação do novo modelo.

A advogada recomendou que as empresas incluam em acordos o detalhamento do projeto e deixem explícito que se trata de um teste, e que evitem a divulgação da participação como um fator de atração de novos funcionários.

Um dos riscos quanto a questões trabalhistas é que a redução da jornada semanal gera um reajuste na hora trabalhada. Caso a empresa decida não prosseguir com o modelo após o período de teste, é necessário que esse retorno ao valor anterior (antes da redução da jornada) esteja respaldado.

Segundo Soraya, a preocupação com os contornos jurídicos é o principal peso para que empresas decidam não participar do teste.

O método defendido pela 4 Day Week para a redução da jornada segue o que a organização chama de 100-80-100: 100% do salário, 80% das horas e 100% da produtividade. Para chegar a esse desenho, não basta cortar um dia de trabalho –a segunda ou a sexta-feira, em geral.      

“Estamos reimaginando o trabalho para a forma que ele deveria ser”, diz Gabriela Brasil, diretora de Comunidade na 4 Day Week Global.

O sucesso do novo desenho, diz, depende de pontos como comunicação clara e confiança para chegar a um modelo de produtividade que não esteja baseado em horas, mas em entregas. Horas focadas, diz Gabriela, batem horas longas.

Há empresas testando o modelo por conta própria ou replicando o que suas matrizes fizeram em outros países. A  diretora da 4 Day Week espera que a realização do piloto gere informações e estimule outras companhias a adotar o modelo. “Com essas, vamos triplicar o número de empresas que adotaram no Brasil. Quanto mais gente, mais exemplo, mais dados, mais modelos vamos construir.”

A partir da próxima semana, as empresas começarão o efetivo planejamento para os novos desenhos de suas rotinas e isso deve durar até dezembro. Em novembro, as primeiras pesquisas qualitativas e quantitativas terão início e, no mês seguinte, a jornada já estará menor nas empresas participantes.

Pablo Toledo, sócio da Caresurge, que assumiu o antigo hospital da Cruz Vermelha (e que agora se chama Indianópolis) na avenida Rubem Berta, na zona sul de São Paulo, diz que a empresa quer criar uma nova cultura de trabalho no setor de saúde.

Eles já iniciaram um teste informal no setor administrativo, com cerca de 20 funcionários. “Começamos do zero e há pouco tempo [eles assumiram o hospital em maio de 2022]. Estamos construindo uma cultura própria e que seja melhor para trabalhar.”

No Clementino & Teixeira, o teste valerá para todos os 12 advogados e, segundo Soraya, será importante para que eles possam, ao mesmo tempo, construir uma nova cultura de trabalho no meio jurídico e acompanhar cada etapa do projeto e atender as demais empresas participantes.

A WeWork, rede de espaços de trabalho, também entrou como parceira no projeto. As empresas que participarão do teste terão um vale-escritório, chamado de workpass, que dá acesso às salas e espaços do grupo.

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VEJA EMPRESAS SELECIONADAS PARA O PILOTO

EDITORA MOL

– Trabalha com produtos impressos

 Sua especialidade são projetos editoriais, dos quais reverte renda para ONGs

SOMA

– Empresa de serviços compartilhados do grupo Dreamers (Rock in Rio, Artplan)

– Trabalha com otimização de custos, padronização e automação

INSPIRA

– Plataforma de pesquisa de jurisprudência em tribunais de todo o Brasil

– Trabalha com dados, visualização de dados jurídicos e IA

CLEMENTINO & TEIXEIRA ADVOCACIA

– Fundado em 2004, atua em direito do trabalho empresarial

– Tem escritórios em São Paulo e Belo Horizonte

AB AETERNO

– Trabalha com serviços gráficos e editorais, roteiros, revisão, tradução etc

SMART DUO

– Escritório de arquitetura de Belo Horizonte (MG)

– Trabalha com projetos arquitetônicos, de sinalização, comunicação visual e paisagístico

T4S – THANKS FOR SHARING COMUNICAÇÃO

– Produtora de vídeo

– Especializada em vídeo motion design

GR ASSESSORIA CONTÁBIL

– Consultora para abertura de empresas e diagnóstico contábil

BRASIL DOS PARAFUSOS

– Empresa com sede em Porto Alegre

– Especializada na produção de materiais de fixação

PLONGÊ

– Consultoria de seleção de executivos

HAZE SHIFT

– Consultoria de inovação

– Trabalha com transformação digital e design estratégico

OXYGEN EXPERIÊNCIAS, CAPACITAÇÃO E CONTEÚDO EM INOVAÇÃO

– Plataforma de conteúdo sobre inovação

ALIMENTARE NUTRIÇÃO E SERVIÇOS

– Atua com a administração de restaurantes, gerenciamento de refeitórios

– Fornece alimentação para eventos e para dietas especiais

PIU COMUNICA

– Agência de comunicação full-service

– Trabalha com marketing, identidade de marca e criação de sites e aplicativos

INNUVEM

– Consultora de soluções de computação em nuvem

VOCKAN

– Começou a testar antes do projeto começar

– Foi a primeira a se filiar ao projeto

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