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Servidores dos distritos sanitários da CIC, do Pinheirinho, de Santa Felicidade e do Tatuquara participam nesta semana, entre 28 e 30 de agosto, da capacitação para acolhimento de pais e cuidadores de crianças com atraso no desenvolvimento, principalmente com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A ação faz parte do projeto da Organização Mundial da Saúde, implantado em Curitiba desde 2020, que busca ampliar o apoio às famílias de forma descentralizada.
“Sabemos dos desafios enfrentados pelas famílias que têm crianças com atraso no desenvolvimento e queremos acolher suas demandas nas unidades de saúde, que são a referência de atendimento nos bairros”, explicou a coordenadora de Saúde Mental da SMS, Cristiane Rasera. “Gradativamente estamos capacitando nossas equipes para esse trabalho descentralizado.”
A Secretaria Municipal da Saúde iniciou o projeto em Curitiba no Ambulatório Encantar, referência municipal para tratamento do autismo, com pais e cuidadores das crianças atendidas no local.
No início de 2023, foi criado o primeiro grupo descentralizado, no Bairro Novo. Dirigido a pais e cuidadores de crianças na faixa etária entre 2 e 9 anos, o primeiro grupo descentralizado reúne 12 responsáveis por crianças atendidas nas unidades de saúde Osternack, Sambaqui e Nossa Senhora Aparecida. O projeto está em andamento na região.
Equipes
Cerca de 30 profissionais participam desta nova etapa de capacitação de facilitadores do projeto, servidores que atuam nas Unidades de Saúde de Curitiba dos quatro distritos sanitários. São enfermeiros, técnicos de enfermagem, dentistas, técnicos de saúde bucal e fonoaudiólogos que recebem orientações práticas de como acolher as famílias e ajudar na convivência com as crianças com atraso no desenvolvimento.
“Esses servidores vão trabalhar com grupos de famílias e orientar pais e cuidadores como acolher e estimular essas crianças, seja as que tem atraso no desenvolvimento ou autismo”, explica a psicóloga Claudia Mazziotti Moreira Rabel, uma das orientadoras da capacitação.
Claudia explica que o objetivo desse trabalho descentralizado é apoiar as famílias, tendo em vista que a criança passa a maior parte do tempo em casa. “Quem tem o maior potencial para estimular essas crianças são os familiares. Por isso estamos capacitando facilitadores para que os pais e cuidadores possam ter o apoio de que precisam na unidade de saúde a que estão vinculados.”
Com técnicas e materiais de fácil aplicação e entendimento, o projeto ganha força a partir da compreensão dos profissionais sobre a realidade enfrentada pelas famílias com relação ao autismo e os desafios do cotidiano de cada uma delas. Segundo Claudia, um dos maiores desafios é conseguir o engajamento dos pais e cuidadores, que devem participar de nove reuniões semanais, onde são trabalhados quatro eixos – interação, comunicação, comportamentos desafiadores e cuidado do cuidador – além de três visitas domiciliares, quando os profissionais podem conhecer a realidade de cada núcleo familiar e apresentar as estratégias para as particularidades de cada criança.
“Quando há o engajamento, eles passam a ver essa criança de outra forma e perdem o medo de interagir com ela”, explica a psicóloga, que define os primeiros resultados práticos do projeto em Curitiba como “famílias empoderadas”.
“Porque quando essa família recebe o diagnóstico de autismo ela se perde e esquece que, apesar da condição, o filho ainda é uma criança, com suas características e necessidades. Com o programa, isso tem sido resgatado”, contou.
Servidores
A fonoaudióloga Simoni Degan Sachi Pereira atua como apoio multiprofissional do distrito sanitário Pinheirinho e é uma das selecionadas para trabalhar como facilitadora no projeto. Ela considera a oportunidade uma forma de contribuir para que as famílias tenham uma rotina mais organizada, motivadora e tranquila.
“A orientação as fortalece e dá possibilidade para que possam aplicar certos conteúdos que antes não tinham acesso”, disse Simoni, elogiando o conteúdo recebido no encontro.
Para a técnica de enfermagem Kassyanna Giselle Hamester Sabatke, do distrito sanitário CIC, o curso dá subsídios para acolher as famílias com crianças autistas que frequentam as unidades de saúde. Ela conta que há um aumento significativo de pessoas em busca de orientações sobre o comportamento de crianças com TEA.
“Eu estou achando o curso bem prático e objetivo”, disse Kassyanna, explicando que é comum receber pais e mães na unidade de saúde angustiados com o diagnóstico e com dúvidas sobre como inserir a criança na escola e na comunidade. “No curso a gente está vendo várias práticas que ajudam a gente a lidar com os desafios do TEA e ajudar as famílias. Está sendo muito bom”, concluiu.
Programa
O Programa de Treinamento de Habilidades para Pais e Cuidadores de Crianças com Atraso ou Transtorno do Desenvolvimento, especialmente TEA, da Organização Mundial de Saúde, utiliza a metodologia da fundação Autismo Speaks, que tem como objetivo auxiliar os pais e cuidadores na estimulação de habilidades, como comunicação e interação social, no manejo dos comportamentos desafiadores, assim como na melhora da sua qualidade de vida.
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