No período de verão, quando muitas pessoas mantêm janelas e portas abertas para refrescar o ambiente, é comum que morcegos entrem por engano nas casas ou pontos comerciais. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba orienta que as pessoas nunca toquem nos animais, pois há risco de contaminação pelo vírus da raiva, mesmo com a maioria saudável.

“A maioria dos morcegos está saudável e possui papel biológico importante no controle de insetos e disseminação de sementes, portanto, não se deve de forma alguma agredir esses animais”, orienta o diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides de Oliveira.

“Os morcegos são animais com hábitos noturnos, então quando são encontrados voando durante o dia, podem estar doentes. A recomendação é que as pessoas não toquem nos animais para evitar qualquer risco”, reforça o médico da SMS.

Números

Em 2024, 382 morcegos foram recolhidos em Curitiba e enviados para análise de contaminação. Destes, 15 estavam com o vírus da raiva, um índice de 3,9% de positividade. Neste ano, ainda não foram contabilizados casos de raiva na cidade.

Na série histórica dos últimos oito anos, a média de casos positivos de raiva em morcegos foi de 3,03%. O maior índice foi alcançado em 2017, com 226 morcegos analisados e dez diagnósticos positivos de raiva (4,4%). Em 2023, foram coletados 351 morcegos e dez estavam contaminados (2,8%).

O número de morcegos positivos para a raiva está dentro do esperado, não representando surto, mas mostra que o vírus continua circulando, portanto, as precauções contra a doença precisam ser mantidas.

O monitoramento permanente de acidentes com animais silvestres e peçonhentos é realizado pela Unidade de Vigilância de Zoonoses da SMS. Entre as ações realizadas, está a prevenção e controle da raiva, doença grave e fatal. O vírus está presente na saliva de mamíferos infectados, podendo ser transmitida ao homem por animais domésticos e silvestres.

O morcego tem o hábito de se lamber, portanto, se estiver infectado pelo vírus da raiva, pode transmitir a doença somente pelo contato com a pele do animal.

A prevenção da doença também passa pela vacinação anual dos animais de estimação. Mesmo animais idosos e que não têm acesso às ruas devem ser vacinados, uma vez que os morcegos podem adentrar em apartamentos. Cães e gatos têm hábitos de caça e comumente entram em contato com morcegos.

Unidade de Vigilância de Zoonoses oferece de forma gratuita a vacinação antirrábica para cães e gatos. Basta levar o animal ao posto fixo localizado na rua Lodovico Kaminski, 1381, bairro CIC, de 2ª a 6ª feira, das 8 às 12h e das 13 às 17h.

Em Curitiba, o último registo de raiva em animais domésticos foi um caso em felinos em 2010, quando um gato teve contato com um morcego. Desde 1981 não há registro de raiva canina. E, desde 1975, não há casos em humanos.

Orientações

Os morcegos são animais silvestres e protegidos por lei federal (9605/98). Se algum adentrar em sua casa ou se encontrar um morcego caído, preste atenção às orientações:

  • Não toque, mesmo que o animal esteja morto.
  • Isole o animal com um balde ou caixa de papelão ou feche o cômodo onde o encontrou.
  • Não permita que crianças e animais de estimação cheguem perto dele.
  • Caso tenha contato direto com um morcego, lave as mãos com água e sabão e procure imediatamente uma unidade de saúde que irá prescrever o tratamento adequado.
  • Ligue para o 156 para solicitar a retirada do animal por um agente especializado. A ligação pode ser feita inclusive em finais de semana ou feriados. Um agente de vigilância de zoonoses será responsável pela coleta do animal e análise da contaminação.

Se sofrer uma agressão (mordida ou arranhões) por morcegos ou outros animais silvestres, como macacos, saguis, quatis, gambás, entre outros, ou ainda por cães e gatos de origem desconhecida, saiba o que fazer:

  • Lave o ferimento imediatamente com bastante água e sabão.
  • Procure imediatamente uma Unidade de Saúde e siga o tratamento recomendado.